Quando uma adolescente engravida, as dificuldades de lidar com o inesperado e com os desafios da maternidade são diferentes de quando uma mulher madura planeja o nascimento de um filho.
Pesquisas apontam que 80% das gestações na adolescência não são programadas e acontecem por falta de informação e baixa aderência ao uso dos métodos contraceptivos mais utilizados como preservativos, pílulas anticoncepcionais, adesivos e anéis vaginais.
Para levar mais informação a essa faixa etária e alertar aos pais sobre a importância da prevenção e do esclarecimento, todos os anos em 26 de setembro é celebrado o Dia Mundial da Prevenção da Gravidez na Adolescência. A ação foi uma iniciativa de organizações não governamentais e sociedades médicas internacionais, com a proposta de incentivar a reflexão sobre os métodos contraceptivos e sua inclusão no dia a dia, a fim de evitar uma gravidez não planejada ou DST’s.
Falar abertamente sobre o assunto é importante e é necessário deixar de lado os tabus. Sabe-se que 40% das adolescentes entre 15 e 18 anos já tiveram a primeira relação sexual, por isso é preciso que as meninas frequentem o ginecologista desde a primeira menstruação, pois ele será a principal fonte para que ela entenda sobre o método contraceptivo mais adequado, como se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis como HPV, gonorreia, sífilis e HIV e o consequente uso de preservativos em todas as relações.
Mas qual seria o método contraceptivo ideal para adolescentes? Dra. Ana Lucia Beltrame, ginecologista e obstetra alerta que a grande questão que contribui para as altas taxas de gravidez na adolescência é a baixa aderência e alta taxa de descontinuação dos métodos anticoncepcionais, em especial, as pílulas. “É comum ouvir relatos de meninas que não tomam o remédio todos os dias, se esquecem de manter a regularidade no horário ou que tomam de maneira errada, abusando, por exemplo, das pílulas do dia seguinte. Sendo assim, de acordo com o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia, a contracepção reversível de longa duração é o método de escolha para esta faixa etária, que são os dispositivos intrauterinos e os implantes hormonais.”. A especialista orienta que seu uso é seguro durante a adolescência, não aumentando o risco de infertilidade e diminuindo expressivamente a chance de uma gravidez indesejada por uso incorreto do método. E reforça a importância do uso do preservativo, ele é indispensável em qualquer idade e tipo de relacionamento.
Sobre Dra. Ana Lucia Beltrame
Médica formada pela Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo. Especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia fazendo residência médica no Hospital das Clínicas na Universidade de São Paulo. Realizou sua pós-graduação como mestra em ciências na Universidade de São Paulo, tornando-se especialista na área de Reprodução Humana. Também é especialista em laparoscopia e histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Anualmente participa de congressos internacionais e é Membro da ASRM (American Society for Reproductive Medicine) e da ESHRE (European Society of Human Reproduction and Embriology).